(ESTE ROTEIRO ESTÁ DISPONÍVEL TAMBÉM EM PDF, PODENDO SER BAIXADO NESTE LINK)

Fundado em 1837 como Gabinete Português de Leitura (GPL), ocupou vários espaços no centro do Rio. O edifício atual teve as obras iniciadas a 10/6/1880, em solenidade presidida por D. Pedro II.

Foi inaugurado em 1887, pela Princesa Isabel. Tornou-se biblioteca pública em 1900.

É a mais antiga biblioteca da América Latina fundada por emigrantes, em funcionamento ininterrupto. Recebeu o título de “Real” em 1906, concedido pelo Rei D. Carlos I de Portugal.

Busto de bronze na praça: Camões.
Autor: Auguste-Marie Taunay (vindo para o Rio na chamada “Missão Artística Francesa” patrocinada por D. João VI)

  • Projeto em estilo neomanuelino do arquiteto português Rafael da Silva e Castro
  • Fachada em pedra lioz, vinda de Portugal
  • As esculturas e os medalhões da fachada são de autoria do português José Simões de Almeida Júnior
  • As esculturas são de personagens ligadas às navegações portuguesas: Pedro Álvares Cabral, Luís de Camões, Infante D. Henrique e Vasco da Gama
  • Os medalhões representam escritores portugueses: no alto, Fernão Lopes e Gil Vicente; nas laterais da porta, Alexandre Herculano e Almeida Garrett

No átrio, observar:

  • o belo piso de ladrilho hidráulico imitando um tapete com medalhão central
  • os arcos em pedra lioz, repetindo a decoração da fachada
  • o lustre, o trabalho decorativo do teto e os vidros coloridos das portas laterais
  • os bustos em mármore de Carrara de dois presidentes do Real Gabinete: Eduardo Lemos e Joaquim Ramalho Ortigão
  • as placas alusivas a importantes fatos ligados ao Real Gabinete, particularmente:
    1. na parede lateral à esquerda, homenagem ao Sr. Garcia Saraiva, que doou à biblioteca do RGPL a sua preciosa coleção de obras do escritor português Camilo Castelo Branco, a mais importante fora de Portugal
    2. na parede frontal, à esquerda, indicação das sessões aqui presididas por Machado de Assis, quando a Academia Brasileira de Letras ainda não possuía sede própria

No vestíbulo seguinte, observar:

  • o ladrilho hidráulico em relevo, tendo ao centro o monograma GPL (Gabinete Português de Leitura)
  • o mesmo monograma, em dourado, sobre a porta que dá acesso ao Salão de Leitura
  • o trabalho decorativo em pedra lioz e o relevo em estuque dourado, contornando essa porta
  • o lustre igual ao anterior, o teto decorado e as portas com vidros coloridos
  • a tribuna em jacarandá, entalhada com o escudo português na parte frontal e, na lateral, a efígie de Minerva, a deusa romana da Sabedoria que é emblema do Real Gabinete

Na sala à esquerda, a da Secretaria, observar:

  • na parede ao fundo, a tela a óleo, de Frederico Steckel, que registra a inauguração do novo edifício
  • na parede lateral esquerda, assinado pelo pintor português Constantino Fernandes, o retrato a óleo do arquiteto Rafael da Silva e Castro, que projetou o edifício do Gabinete.

Esse arquiteto nunca veio ao Brasil (e foi o seu colega brasileiro Frederico José Branco quem conduziu as obras). A inspiração neomanuelina veio da parte reconstruída no séc. XIX do Mosteiro dos Jerônimos, em Lisboa, onde Rafael colaborou.

À direita, abaixo da elegante escada em ferro e mármore que dá acesso ao andar superior, observar:

  • o gradil bem trabalhado e as luminárias de braços, cujos globos têm na decoração o monograma GPL
  • o busto em bronze, sobre pedestal de mármore, do Rei D. Carlos I, de Portugal, assinado pelo português Costa Mota

Em 1906, este rei agraciou o Gabinete com o título de “Real”. Estava prevista a sua vinda ao Brasil, para a outorga solene do título numa cerimônia projetada para 1908.
Porém, em fevereiro desse ano, o rei faleceu, vítima de um atentado. Apesar do regicídio, o título foi mantido e este é o único Real Gabinete do Brasil (sem esse título, há ainda o Gabinete Português da Bahia e o Gabinete Português do Recife).

No Salão de Leitura, observar:

  • o pé-direito de cerca de 30 metros de altura – as paredes revestidas de 50 estantes com cerca de 200 mil volumes em suas 1521 prateleiras. O RGPL é o único “depósito legal” de livros portugueses fora de Portugal, o que lhe permite contínua atualização bibliográfica
  • o decorativo trabalho de ferro nas colunas e varandins: este foi o primeiro edifício do Rio de Janeiro a ter estrutura metálica

  • a artística mesa central e as mesas para leitura são em jacarandá da Bahia
  • ao centro, o imponente busto em bronze de Luís de Camões, do escultor português Rodolfo Pinto do Couto.
  • acima dos arcos do 2º andar, os 40 medalhões com nomes de importantes escritores, formam uma espécie de “panteão da glória” da cultura portuguesa
  • o imponente lustre em ferro e bronze com 48 lâmpadas menores e nove globos, sendo o globo central de maior dimensão
  • no teto, a bela claraboia colorida, em estrutura metálica, forma uma rosácea octogonal
  • ao redor da claraboia, 4 medalhões com figuras emblemáticas:
    1. Vasco da Gama, com a data de 1497 assinalando a viagem da descoberta do caminho marítimo para a Índia;
    2. Pedro Álvares Cabral, com a data de 1500, o “descobrimento” do Brasil;
    3. Luís de Camões, com a data de 1880, ano do tricentenário de sua morte, quando ocorreu o lançamento a pedra fundamental deste edifício;
    4. Minerva, a deusa romana da Sabedoria, com a data de 1837, assinala o ano de fundação do Gabinete Português de Leitura, do qual ela é o símbolo.

Abaixo dessas figuras, há alegorias em relevo, alusivas à representatividade de cada uma

Ainda no Salão de Leitura, observar:

  • a vitrine neomanuelina, em madeira entalhada, que exibe o álbum “Livro de Ouro”, dedicado a Eduardo Lemos – o presidente do Gabinete Português de Leitura que promoveu a criação da atual sede. Organizado por seus muitos admiradores em 1884, o homenageado faleceu subitamente, antes da entrega prevista. As suas páginas reúnem textos, assinaturas, partituras e ilustrações dos grandes nomes da cultura, da indústria e do comércio dessa época (disponível online em “manuscritos” no site do RGPL)
  • Na base da vitrine, estão talhadas 8 figuras de escritores portugueses: Camões, Gil Vicente, Fernão Lopes, D. Francisco Manuel de Melo, Bocage, Almeida Garrett, Alexandre Herculano e António Feliciano de Castilho.
  • Nas colunas que ladeiam a vitrine, note-se o selo da fundição responsável pela estrutura de ferro do edifício.

Machado de Assis foi assíduo frequentador do Real Gabinete desde a sua juventude e tornou-se amigo próximo das sucessivas diretorias da casa. Antes da ABL ter sede própria, realizou aqui várias sessões solenes.

Em 1880, por encomenda do Gabinete, escreveu a peça de teatro “Tu só, tu, puro amor”, alusiva ao tricentenário da morte de Camões. O manuscrito autógrafo encontra-se no nosso acervo.

O famoso jornalista João do Rio foi grande amigo do Real Gabinete.

Após sua repentina morte, em 1921, a sua mãe doou ao Gabinete vários objetos pessoais e cerca de 4 mil volumes da sua
biblioteca.

A placa alusiva a tal doação encontra-se precisamente em frente às estantes que abrigam esses livros.